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quinta-feira, 2 de abril de 2020

fronteiriças

"I am, by calling, a dealer in words; and words are, of course, the most powerful drug used by mankind"
Rudyard Kipling


certamente que Benjamin morreu para cruzar uma fronteira e Bruno Schultz morreu por não ter cruzado fronteiras e Sandor Marai empacou para nunca mais em uma fronteira e Faulkner não tinha fronteiras e Pound erigiu uma fronteira vertical e inútil e Beckett ficou murmurando meia vida inteira “há uma fronteira no meio do caminho” e Gordimer perguntou a Coetzee “não consegues ver a fronteira?” e Whitman não reconhecia fronteiras e Gabriel Garcia Márquez fez suco de fronteira e deu para as tristes putas beberem e Naipaul transfronteirizou e certamente fronteira é uma abstração que o erutidismo acadêmico desconhece: o apego pegajoso delirante tosco grosso brusco nauseabundo inebriante das palavras, como no conto de Kafka em que o que importa é o macaco em cima do realejo

andrejcaetano
Renan Ozturk






sábado, 28 de março de 2020

alcácer do sal


não me lembro bem qual era o objetivo
mas fui
como em qualquer outro dia

depois voltei
como todo mundo que ia
e no caminho de volta topei

com alguma coisa que já
não me lembro mais
não sei – como é que eu me lembraria?

depois   como de praxe   saí de novo
na volta deixei as compras ao lado da pia
fui ver televisão

onde tudo desaparecia
meu sobrenome
minha covardia

para onde eu me dirigia
o fato e o concreto
o motivo (que um eu sei que havia)

perplexo fui ao banheiro
e por alguma fisiologia
dei de frente com o grande espelho

mirei a mouraria
quanto tempo observei absorto
algo que nunca via

chamaram
meu nome ecoou osso branco no descampado
aleluia
andrejcaetano

sábado, 14 de março de 2020

congonhas


mais uma vez neste calor de aeroporto. meninos pululando aquiali y piozinhos de xícaras de café batendo asinhas pousando pires. elas nem tanto estorvam mas tampam a propaganda a grande cárie a grande empresa de mineração detonando cargas para desencavar marfim-ferrugem e levá-lo em trens aos portos. não há montanha em mim. cordilheiras autistas vieram e converteram as falhas. cavernas das impossibilidades naturais sem ajeitá-las confins para o que se poderia e deveria: comê-las assim mesmo. cruas. mulheres passam para lá e para cá sem adereço sexual algum. naturalmente. querem rebento. dizem. se isso é sou com elas. quero um tataraneto [não um de carnes conectando ossos] e também quero poder derreter sorvete destacado de meus potenciais talentos na frente da plateia ávida. escorrer pelo ralo de meu consagrado e insosso coração masculino e conspurcado voltar à forma corpo-esqueleto parente dos macacos (nunca! nunca! a imagem-semelhança deus). quando tudo vier a ser – a digestão do eu mesmo ou a morte – não virá cavalo grego inerte máscara mortuária estátua granítica pedra viúva. tudo ressoa neste aeroporto. pessoas mascando comestíveis uma arquitetônica cinquentista do século passado quando tudo deveria ser mais calmo pois nem tanta gente assim da minoria viajava de avião e essas vidas deviam ser menos mascáticas e é possível que não soassem como agora. talvez também as mulheres não passassem para lá e para cá ondulantes e não fosse tão óbvio em suas faces o que elas não pensam. o enfaro das trajetórias balísticas. rendez-vous. não tenho minério em minha formatura. não tenho futuro de homem sóbrio nem fim de menino órfão. não vou me desvincular dos seres caducifólios: nunca fui hodierno! nunca serei pós-tumo! tenho alguma ciência agora: essa distância é de fato e contudo não pode se esconder dos meus olhos: te vejo safada! está em minhas mãos o mapa de tuas estradas. sei exatamente onde tu não queres ir! queres fazer crer que a única saída é aprofundar a caverna. pois ouça-me bem!: também não sou abissal! não há ferro nos meus cafundós! meu pai morreu há mais de vinte séculos e minha mãe casou-se em segundas núpcias com um unicórnio que nunca contraiu moléstia humana. percorri sozinho os litorais instantâneos léguas distante das liturgias das meias idades. quando nelas cheguei adentrei bandeirante-mascate as matas do horizonte. venho de longe ziguezagueante. cícero-neante. o que sempre foi.
andrejcaetano
@robjakrobjak

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

livreto da inquietação IV


Francesca Woodman












o prodígio da palavra é tanto transmutação

[atena despeitada   aracne virada aranha]

quanto nulificação

[orestes assassino da mãe absolvido por minerva]

 

o prodígio da palavra é incontível desvelo do real

[picada trilha estrada   tempo cheiro vento]

é paralisação perante frondosa bifurcação

[the road taken – the road not taken]

 

o prodígio da palavra é escape

por corredores emaranhados

llenos de breves trechos 

intermináveis sempre

 

o inatingível da palavra nunca

dois advérbios de tempo atemporais

um perpetuamente [cela com a porta escancarada]

o outro jamais [porta escancarada para uma cela]

 

o prodígio dela é tão

que os vaidosos da palavra

as usam para queimar fogueiras

 

e os mendigos da palavra

as usam para desconstruir os iglus

onde feneciam congelados

 

o prodígio da palavra é uma arapuca:

preces a bifurcações

preços

prazos e mata-burros

andrejcaetano



sábado, 28 de dezembro de 2019

livreto da inquietação II


Francesca Woodman

aceitar é preciso

a brandura das ondas a virulência

a colmeia do mel o mel da abelha

as férias os pirilampos

compreender não é preciso

 

pessoa escreveu um livro inteiro desassossego

[composto por um ajudante de guarda-livros]

eu

engulo suspiros

regurgito confusão

 

como quase qualquer pessoa

confiada à aleatoriedade marítima

das marolas aos vagalhões

bem poderia escrever um livro de sublimes inquietações

 

mas me jogo pulo salto caio levanto pulo salto caio levando

ao soprar de nem sei quem

pairo no éter

pena presa no vento

 

no ar invagino

os bofes para fora

e em vez do desassossego sossegado

[e ergo o livro profundo e vão]

espero

que a lama estenda suas asas

e lave a embarcação

 

espero com o coração na mão

à mostra

sem pudor

batendo o bumbo do mar batendo no chão

para quem quiser olhar

para quem quiser ver

o bicho bobo das ideias

da propostas das sugestões

 

me assombra como alguém preso no ar

do sopro de outrem

esteja tão bem aprumado

com o coração sem preço

ali na mão

de toda sexta feira

andrejcaetano


livreto da inquietação I

Saber que será má a obra que se não fará nunca. Pior, porém, será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita.
Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada.
Essa planta é a alegria dela, e também por vezes a minha.
Fernando Pessoa

écrire per scrivere ahora ese incomod-agitazione sensa volta
schreiben en otra lengua que eça does not cabe das thing atravezada al mezzo de la carretera
en verdad they are multe y hay que bullet them:
  • os não-profissionais da vida e de todos os ramos de atividade, os que balançam o tronco para lá e para cá ou encaixam o queixo entre o polegar e o indicador da mão direita (esses são os destros) e colocam o olhar acima do nível do nada quando tudo o que têm a fazer é saber o som e dar o tom de um sim ou de um não e diante do nada ad mirante arrastam-se e ao saco do mundo ao descerem do pêndulo ou lépidos e fagueiros como subiram descem e jogam o saco do mundo na primeira lixeira que passa e comentam com o primeiro transeunte que encontram que gostariam mas talvez não gostem [I do prefer os amadoras; sinceras, são profissionais mesmo na dúvida]
  • alguma coisa que vem lá de longe, de uma dimensão pansexual, um quer-não-quer que quer tudo, doucement pantagruélico, ou um quer que parece que não ou um não quer que parece que sim, assim um pingue-pongue (tênis de mesa não é) sem bolinha ou mais, muito mais precisamente, com muitas bolinhas invisíveis
  • uma coisa intangivelmente emasculada que vem de bién cerquita, vraiment de dentro, profissional, é-não é, resolve logo pentejo, que, suscetível, pobrezito, se enreda e se embanana e mesmo patinando na pista de pouso levanta voo e voa a esmo sua imaginação intuitivamente poderosa e míope e vê cascalhos e narcisos e vê a desvontade dos não-profissionais e vê segredos nada secretos e vê francesca-lente fissuras onde elas pareciam não ter como existir, francescamente metade ou parte de uma figura sumida numa parede, a outra parte ou metade totalmente inteira e vera e sempre (ou quase sempre) algum espelho [she, a homem de pau, I adore, she gets exactly what messes me up which I guess is myself when what drives me does not drive anyone else in particular]
  • la famiglia mediana autoajuda orlando lisboa aruba em seus assuntos-negócios, seu impressionismo paracientífico, seus sentimentos genéticos habitando o habitat do habitus da mundanidade da mais alta relevância, le famiglie frações da Klasse que lacrimeja na ágora ao som sertanejo universitário e esquia na encosta trágica da história contemporânea no exato instante em ela fede a um palmo de seu enorme sexo-nariz
  • o instagramático semicircuito beletrista de liubliana, de simpática semântica e comportada sintática però sem dramática alguma
  • mi lack of pazienza, seasickness mismo, con mis tentativas insinceras de não trupicar para não cair no pé do pai e deixar escapar pela boca o que em mim entrou ou deixei (deixei?) entrar pelos poros pessoais e sociais ou, talvez, para fazer jus ao profissional que sou, tudo em mim que total ou parcialmente está nos bullets acima

y halt por que lo que pasa es que podríamos seguir ad infinito et nauseam mas de agora a pouco soará em torno desta mesa o canto da sereia da meia noite e de nada adianta cera e correntes pois as sereias têm uma arma mais potente que seu canto, o silêncio (segundo relatou a long time ago um profissional do curto-circuito maletrista de praga)

andrejcaetano
Francesca Woodman


sábado, 19 de outubro de 2019

the korean war

“Short, fat, heavy drinker with a pugnacious scowl that led his troops to call him ‘Bulldog’, Lieutenant General Walton Walker, Texas-born, schooled at West Point, landed in Korea on July 2nd 1950 to defend Pusan, the last piece of land the capitalists held in the Korean peninsula.”
[“MacArthur landed with the X Corps at Inchon on September 15th 1950”]

Então les americaines empurraram os comunistas até a fronteira com a China
Os chineses não gostaram
In late October the Chinese entraram na guerra and pushed les capitalists back below the 38th parallel
The war então ficou assim: a bloody stalemate
Até o armistício
July 1953

August 2013
Em Pusan mulheres lindas andam nas ruas como se as ruas fossem passarelas para as princesas do Reino Independente das Mil e Uma Princesas passarem absortas teclando seus espertos telemóveis
[zangões inovadores desenvolvem espertas tecnologias para aparelhos telemóveis]
A taxa de fecundidade da implosão demográfica: 1,2 filhos per capita feminina
Assim estão as coisas

São tão genuinamente delicadas todos elas que são coreanas os camareiras são coreanas os pedreiras os balconistas os vidraceiras os lavadeiras as cozinheiros
Assim parece ser

As princesas absortas do Reino Independente das Mil e Uma Princesas caminham indiferentes em direção à extinção
Assim pode vir a ser

Sorriem muito
Cumprimentam muito
Cumprimentam com uma mesura do tronco em movimento de humildade
Agradecem muito – gansa-ham-dá – com a mesma mesura
Está tudo organizado – incluso o gasto público – com tecnológica e metódica paciência
Está tudo certo no Reino da Cortesia Avançada
A não ser pela taxa de fecundidade
Assim é

Talvez a linha fictícia do paralelo 38 desapareça tal e qual aquele muro que derreteu entre as Alemanhas e talvez o norte inunde o sul em uma grande orgia procriativa

Ou talvez o sul engula o norte em uma longa e estéril cópula criativa

andrejcaetano - Busan, South Korea (2013)
U.S. Navy

domingo, 18 de novembro de 2018

modelo para editais universais

Jean Marconi

introdução blasé
o ofício a fazer a obra
o trabalho
a agenda jetzt-ayer
almas esquemáticas
[disciplinas a disciplinar
coordenações a coordenar]
vaso vazio na cabeceira da pista
a descolar

construição
[uma sociedade contra o estado?
 confrarias?
 uma participação especial?
 mil e tanto?
 marcenarias?
 a felicidade de seu estrato?]


justificativa sincera
Nonsense esquematizar o nonsense no papel assim:
a disciplina
a gestão
o filha
psicanálise
muita televisão                                                           carro demais
                                                                                                trânsito
                                                                                                interurbano
                                                                                                muito barulho
as bíblias tão chatas
as receitas perfeitas
o respeito
a grande derrota

[o tempo  a vida que há
 há somente dali para frente
 do agora em diante
 ainda e sempre]

(o derrotado amador é um re(tro)visor profissional)


metodologia consuetudinária
não era isto
não era aquilo
o que era?
[a pergunta pronta veio sem querer
 coisa de procrastinador]

qualquer estafeta tem sua agenda científica
toda agenda
causa
ou é associação
                        [te imobilizaste encruzilhada ou pegaste a trilha errada?
                         os ímpares avaliarão]

um mim sociológico
se escreve
escreve para revelar o que se aparece natural
porém é fora de si o todo-poderoso
o que se pode é o que se deve
[citar clássicos é parte e forçoso:
            ‘os deuses vendem quando dão’]


resultados desesperados
título da mesa: war on clichês – overture movement
a brief introduction onto her work:
eu gosto sem você
eu sem amo sou
eu sei não
eu sei que você também
coordinator: isso está em livro publicado pela Gallimard
presenter II: isso   talvez seja isso
presenter X: sua obra foi escalar
discussant: ...
from the floor: no eixo o amo sobreposto ao trabalho
from the bar: quanta sorte essa confluência circular
also from the bar: a sobrevivência é uma fábrica de fantasias
an outsider on the floor: o que de resto nunca é falho
somebody: a não ser pelos estatelamentos da construição
nobody: é, tem que ler o prefácio à 2a edição


considerações mui pessoais
a questão central era se a história depende da presença de mitocôndrias no enredo
mas o que ela queria era escrever um livro
sem umas rimas
sem regências
nem umas solução
muito menos esquemas listas roteiros
nada de promessas
ela queria a disfunção!
um canal
luz câmera ação
orcas
predando nos mares gelados
caçoando da caça
uma para as seis
[mnemônicas camaradagens]
excertos se esborrachando nos rochedos
esse tanto de deuses nórdicos
e seus círculos polares obviamente árticos
andrejcaetano

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

gerúndio beija o astrolábio

Elliot Erwitt
                       

Gerúndio envelhece só no mundo com cafeína nicotina e pastilhas sentimentais

                        intermediário entre uma chuva e outra

                        dígito-eletrônico

                                    [com instruções minuciosas e imprecisas]

                        cervejas macumbas cerejas

                        comprimidos de de-vez-em-quando

                        documentária sobre instrumento outrora tão poderoso

                                    [da altura das estrelas foi a expansão ultramarina]

 

            envelhece uma pústula infectada e invisível

                        bicho bronco de corpo cromo e asas alvas

                        bicho tosco que o raio do pós-romantismo partiu

 

            envelhece a puta-que-o-pariu três vezes

                        a pergunta sobre a função da obra de arte

                        a função da obra de arte

                        a obra de arte

                        [e o que quer que seja aquilo ali]

           

envelhece piados em tuítes postes em facebooks imagens instagramáticas

entupindo os circuitos neuronais com limites e derivadas insolúveis

 

envelhece nas regiões metropolitanas

linhaça   germe de trigo  

glúten-on/glúten-off

farmaco farmarculorum y drogas manipuladas

manteiga-margarina-margarina-

manteiga!

 

envelhece no reino do design gráfico

as proporções os formatos

os tipos as fontes

as tetas das letras gregas

fórmulas para tudo e qualquer coisa

pois quanto mais formulaico menos autonomia

quanto menos autonomia mais autocrática a ideologia

                                                                        a verdade da palavra coisa

                                                                        os parâmetros do modelo

                                                                        e o que quer que seja aquilo ali

 

envelhece com e sem gozo

dependendo da estação do ano

do dia

da hora

do cheiro

da substância

 

envelhece também nas áreas urbanas não-metropolitanas e no campo

 

envelhece como adolesceu

pleonasmo de si mesmo

cisne-asno

querendo beijar o astrolábio

andrejcaetano

sábado, 4 de novembro de 2017

misstep

a step at the heart
hard to take
hard to think of
[how come at this juncture another start?]

if you can’t take it
this small juvenile stupid step
if you can’t dare to bear
this tiny ridiculously heartfelt pace
seemingly a misstep
don’t say anything
don’t tell any story
don’t hold any hand
don’t bother with weaselled tears
just stand there dully
watching your ashen heart burn apiece

if you can move yourself though
and even crawling
get at the brink of the cliff
just fall
fail
die
to everything and all
stand tall
as you enter the reign of your desires
as you disappear amidst the stars
andrejcaetano
[ ? ]

quarta-feira, 11 de março de 2015

a paper on social class

"I think someday you're going to be a great writer," he said.
"But" he added maliciously, "first you'll have to suffer a bit.
I mean really suffer, because you don't know what the word means yet.
You only think you've suffered. You've got to fall in love first."
Henry Miller (Tropic of Capricorn)


a beautiful young scholar wearing black glasses

presents her study’s motives

its relevance

foundations

methods

results

 

I think sex       not about her              not with her

no sex at all

not here

not now

 

[but I do enjoy strolling around it without the thinking of it]

 

no m’am

not picturing it

neither lust nor seduction

not a male-ish drop

but animals beautifully designed to practice it as an art form

in which lines curves lights shadows sweat moans

align with mars

and pleasure guides the planets

 

no sir

I am not able to differentiate bodies

I only hear lines and curves

and smell faces


andrejcaetano - Cape Town, South Africa (2017)

Aart Klein

sábado, 17 de janeiro de 2015

alegría

John Hornbeck









cuando nascer la otra hija

ella misma se nombrará Alegría

e non tendrá mãdre

[perquè ain’t no mountain high enough]

la niña se llamará Alegría

y no tendrá madres

[‘cause ain’t no mountain high enough]

 

mi novia

Montserrat

me apascentará

e eu amanhã-la-ei

 

no oiré máis sonidos de autos

com motores de 200 caballos

no ensacaré dilemas en encruzilhadas

ni irei a fiestas de cumpleaños

 

quando eu tiver morrido será uma pena

o fim da partida

só isso

 

não me preocuparei mais com fonemas

ni amb la història de brasil

no em preocuparé per les sequeres prolongades

nem com o bem-estar das próximas gerações

 

quando o minúsculo segundo do derradeiro minuto

atirar la última piedra

e errar o alvo

quedaré en la paz de los olvidados

mirando de mi ventana

los bos aires de mi amada

y la prediaria de aquel cidad

 

Montserrat

una sonrisa unha bágoa

xiuxiuejarà

‘Alegría é túa fia’

 

e quando eu tiver morrido

será uma pena

e só isso será

andrejcaetano