mais uma vez neste calor de aeroporto. meninos pululando aquiali y
piozinhos de xícaras de café batendo asinhas pousando pires. elas nem tanto
estorvam mas tampam a propaganda a grande cárie a grande empresa de mineração
detonando cargas para desencavar marfim-ferrugem e levá-lo em trens aos portos.
não há montanha em mim. cordilheiras autistas vieram e converteram as falhas.
cavernas das impossibilidades naturais sem ajeitá-las confins para o que se
poderia e deveria: comê-las assim mesmo. cruas. mulheres passam para lá e para
cá sem adereço sexual algum. naturalmente. querem rebento. dizem. se isso é sou
com elas. quero um tataraneto [não um de carnes conectando ossos] e também
quero poder derreter sorvete destacado de meus potenciais talentos na frente da
plateia ávida. escorrer pelo ralo de meu consagrado e insosso coração masculino
e conspurcado voltar à forma corpo-esqueleto parente dos macacos (nunca! nunca!
a imagem-semelhança deus). quando tudo vier a ser – a digestão do eu mesmo ou a
morte – não virá cavalo grego inerte máscara mortuária estátua granítica pedra
viúva. tudo ressoa neste aeroporto. pessoas mascando comestíveis uma
arquitetônica cinquentista do século passado quando tudo deveria ser mais calmo
pois nem tanta gente assim da minoria viajava de avião e essas vidas deviam ser
menos mascáticas e é possível que não soassem como agora. talvez também as
mulheres não passassem para lá e para cá ondulantes e não fosse tão óbvio em
suas faces o que elas não pensam. o enfaro das trajetórias balísticas.
rendez-vous. não tenho minério em minha formatura. não tenho futuro de homem
sóbrio nem fim de menino órfão. não vou me desvincular dos seres caducifólios:
nunca fui hodierno! nunca serei pós-tumo! tenho alguma ciência agora: essa
distância é de fato e contudo não pode se esconder dos meus olhos: te vejo
safada! está em minhas mãos o mapa de tuas estradas. sei exatamente onde tu não
queres ir! queres fazer crer que a única saída é aprofundar a caverna. pois
ouça-me bem!: também não sou abissal! não há ferro nos meus cafundós! meu pai
morreu há mais de vinte séculos e minha mãe casou-se em segundas núpcias com um
unicórnio que nunca contraiu moléstia humana. percorri sozinho os litorais
instantâneos léguas distante das liturgias das meias idades. quando nelas
cheguei adentrei bandeirante-mascate as matas do horizonte. venho de longe
ziguezagueante. cícero-neante. o que sempre foi.
andrejcaetano
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