O que o mar sim aprende do
canavial:
a elocução horizontal de seu
verso;
a geórgica de cordel,
ininterrupta,
narrada em voz e silêncio,
paralelos.
O que o mar não aprende do
canavial:
a veemência passional da preamar;
a mão-de-pilão das ondas na
areia,
moída e miúda, pilada do que
pilar.
O que o canavial sim aprende do mar:
o avançar em linha rasteira da
onda;
o espraiar-se minucioso, de
líquido,
alagando cova a cova onde se
alonga.
O que o canavial não aprende do
mar:
o desmedido do derramar-se cana;
o comedimento do latifúndio do
mar,
que menos lastradamente se
derrama.
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