nesta noite o meu peito
está cheio de dificuldades que
eu próprio não entendo
estou a tatear a crueldade
dos cotidianos esfaimados
eu mesmo
não podendo carros ou baladas
e o vazio
é que isso é um nem-queria
me corrói o esforço humilhado
dos biscateiros batendo seus sinos
rua acima por todos os dias algodão
doce rosas bijú jornal velho esses olhos
enrijecidos sol ou chuva todo o
sempre miseravelmente rua abaixo
eu próprio um elemento gasoso
sem voz a se desencantar com o que
seria meu com a boçalidade dos
meus pares o lixo nas calçadas
óculos escuros videomakers atrás
de imagens avessas polígonos
arestas clichês churrascos
eu mesmo apesar do oásis
estou onde não estou
a chorar os viadutos habitacionais
o tempo perdido e irrecuperável
o futuro sem filhos
a dor magrela e banguela
onde dorme
sem amor algum em seus abismos
o espírito desta noite
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