quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

orides

 

ó pobre Orides

houve de inscrever tão fundo

com o prego torto

que a tinha dependurada na parede

 

nada de versos orados

ornados

despejando o contido na despensa

ideais do-eu ou daquela Outra

 

nada de escreveres vazantes

vazamentos vagos

delineando a condição pegajosa

de um dia esquisito

 

mui distinto mas tal e qual

indo para o não-mais-sendo

do conjunto qualquer-outro

armazenado na despesa da memória

 

ó pobre Orides!

 

deambulando por nenhum lugar

em sua ânsia construtiva

a agulha espetada no olho da palavra

fazendo dela o que ela não quer

 

o que ela não quer

é o que ela faz

te pendura numa sequência destrutiva

de paus-de-arara

 

uma arara

Orides

arara-uma

qual-qual quer outra

araru-ama

bebedouro

delas

andrejcaetano

[Vide Aperture]


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

tudo que penso

 

me preguntan alguna cosa

eu

em vez de pensar

torço meu pescoço para trás

jogo meus olhos para o alto

e vejo-os todos lá

plainando

tudo que penso

que

penso

andrejcaetano

Mario Lasalandra