sábado, 14 de março de 2020

congonhas

mais uma vez neste calor de aeroporto. meninos pululando aquiali y piozinhos de xícaras de café batendo asinhas pousando pires. elas nem tanto estorvam mas tampam a propaganda a grande cárie a grande empresa de mineração detonando cargas para desencavar marfim-ferrugem e levá-lo em trens aos portos. não há montanha em mim. cordilheiras autistas vieram e converteram as falhas. cavernas das impossibilidades naturais sem ajeitá-las confins para o que se poderia e deveria: comê-las assim mesmo. cruas. mulheres passam para lá e para cá sem adereço sexual algum. naturalmente. querem rebento. dizem. se isso é sou com elas. quero um tataraneto [não um de carnes conectando ossos] e também quero poder derreter sorvete destacado de meus potenciais talentos na frente da plateia ávida. escorrer pelo ralo de meu consagrado e insosso coração masculino e conspurcado voltar à forma corpo-esqueleto parente dos macacos (nunca! nunca! a imagem-semelhança deus). quando tudo vier a ser – a digestão do eu mesmo ou a morte – não virá cavalo grego inerte máscara mortuária estátua granítica pedra viúva. tudo ressoa neste aeroporto. pessoas mascando comestíveis uma arquitetônica cinquentista do século passado quando tudo deveria ser mais calmo pois nem tanta gente assim da minoria viajava de avião e essas vidas deviam ser menos mascáticas e é possível que não soassem como agora. talvez também as mulheres não passassem para lá e para cá ondulantes e não fosse tão óbvio em suas faces o que elas não pensam. o enfaro das trajetórias balísticas. rendez-vous. não tenho minério em minha formatura. não tenho futuro de homem sóbrio nem fim de menino órfão. não vou me desvincular dos seres caducifólios: nunca fui hodierno! nunca serei pós-tumo! tenho alguma ciência agora: essa distância é de fato e contudo não pode se esconder dos meus olhos: te vejo safada! está em minhas mãos o mapa de tuas estradas. sei exatamente onde tu não queres ir! queres fazer crer que a única saída é aprofundar a caverna. pois ouça-me bem!: também não sou abissal! não há ferro nos meus cafundós! meu pai morreu há mais de vinte séculos e minha mãe casou-se em segundas núpcias com um unicórnio que nunca contraiu moléstia humana. percorri sozinho os litorais instantâneos léguas distante das liturgias das meias idades. quando nelas cheguei adentrei bandeirante-mascate as matas do horizonte. venho de longe ziguezagueante. cícero-neante. o que sempre foi.
andrejcaetano
@robjakrobjak

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