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sábado, 22 de maio de 2021

o verso da página relata

 

artista que mais se comprazia com o defeito-terapia

do que com a arte que a conduzia

 

escrevinhadora que escrevia solilóquios sem si

sob a forma de quasi-poesia

 

amestradora de cavalos amestrados

e de um ou outro peão de boa montaria

 

estudiosa diletante que se ardia ouvindo

um ou outro sádico da antropologia

nos cursos que como ouvinte não fazia

 

curiosa da astrologia que cria em um só mapa

no qual o soturno saturno denega qualquer sinastria

 

livreira sebosa que vivia à sombra do enorme sombreiro

de outra livraria

 

namorada que sassaricava namorados

e ciscava contingências para fins de criptografia

 

um dia

espremida entre a parede da idade

e uma contingência tolamente solícita

sondou

 

‘amore, você me sustentaria?’

 

ao que

evaporaram no ar o ser e a fantasia

na mais perfeita arte da prestidigitação


andrejcaetano

[ ? ]



quarta-feira, 12 de maio de 2021

falalá


o que vai lá vai lá para falar

não pára

se adiante

silêncio

 

prossegue após pisar no onde-parou

por essa ou aquela fantasmagoria

daquela ou desse sujeito

quem-vai-lá vai lá para ser falha

 

que escapole a imagens

a qualquer simbologia

quem vai lá vai a despeito dos despeitos

vai na ponta da língua a travessia

 

se a outra ponta cala

a fala é rebaixada a blábláblá

o que melhor se enuncia em tupi

nhenhenhem 

[hoje rebaixado ao primário mimimi]

na onomatopeica conversa com o que silencia


o ser que vai lá

é o ser que fala

andrejcaetano

Lalo de Almeida