aceitar é preciso
a brandura e a virulência das
ondas
a colmeia mel e o ferrão abelha
as férias dos pirilampos
compreender não é preciso
pessoa escreveu um livro inteiro desassossego
[composto por um ajudante de guarda-livros]
[composto por um ajudante de guarda-livros]
eu engulo suspiros
e regurgito
confusão
como quase qualquer pessoa
na lerda larva da solidão
em uma balsa confiada à aleatória
intensidade
das marolas e
dos vagalhões
bem poderia escrever um livro de sublimes inquietações
mas me jogo
pulo
salto
lava
e gelo
ao sopro do ar de nem sei quem
pairo no éter
pena presa às correntes do vento
no ar invagino
a epiderme para dentro
os bofes para fora
[que é preciso guardar em algum canto
alguma
autoproteção]
e em vez do desassossego sossegado
[e ergo o livro sincero profundo e vão]
espero
espero
espero
que a alma estenda suas asas e revele
e lave
e leve a embarcação
espero com o coração na mão
à mostra
sem pudor ou timidez
batendo bumbo no compasso em que
o mar bate no chão
para quem quiser parar para ver
o bicho
vermelho rubro
com suas
propostas e projetos
tintos de sangue
e com os bofes de fora vejo a cena
e me assombra como alguém solto no ar do sopro de outrem
esteja tão bem aprumado ali na feira das parcerias
com o coração sem preço na mão
para quem quiser admirar sem tocar