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sábado, 4 de novembro de 2017

misstep

a step at the heart
hard to take
hard to think of
[how come at this juncture another start?]

if you can’t take it
this small juvenile stupid step
if you can’t dare to bear
this tiny ridiculously heartfelt pace
seemingly a misstep
don’t say anything
don’t tell any story
don’t hold any hand
don’t bother with weaselled tears
just stand there dully
watching your ashen heart burn apiece

if you can move yourself though
and even crawling
get at the brink of the cliff
just fall
fail
die
to everything and all
stand tall
as you enter the reign of your desires
as you disappear amidst the stars
andrejcaetano
[ ? ]

domingo, 13 de agosto de 2017

confession to my undead dad

passos largos
teus pés arrastam
a dor que dá
outra voz
outra casa
outra noite
esperança 
               a outra face do súbito
que um suspiro foi tudo
que um suspiro
foi
andrejcaetano[1988]
Viki Kollerova

sexta-feira, 2 de junho de 2017

gêneros ii

a mulher olha o deserto e diz
‘léguas’

eu sou moléculas de homem
prazer tem prazo e alegria tem nome

andrejcaetano
Simon Procter

segunda-feira, 24 de abril de 2017

fado

foi a digressão de uma mulher dirigida a um homem cego que disse:
‘meu amigo, o sexo oposto tu és’

e o moço, encantado com tamanha objetividade, propôs:
‘mudemos os planos cartesianos com plantinhas no parapeito da sacada de nosso lar

luzes quando escurecer! brincadeiras quando o breu se der!’
que ela replicou mansinha: ‘olha, o fado é que sofejará de longe o seu bafo de cotas’

meu deus!, e ele continua na janela olhando de través
vesgo   pangaré
andrejcaetano
Francisco Mata

segunda-feira, 6 de março de 2017

a mancha da tarde

sentei-me para ordenar as tarefas da tarde
e a primeira que me veio foi exatamente esta:
escrever um poema.
qualquer um!

manuel de barros adejou pelos desvãos da minha lógica
com seus sapos e pedaços de pau
e as personalidades dos rios e seus barrancos.
mas de nada adiantou.

poesias mais acadêmicas também sobrevoaram minha ótica.
inquietei-lhes a atitude com alguns poemas
de wislawa szymborska.
outra hora.

logo ali
o futuro do pretérito do trânsito paulistano
engarrafava poesias concretas.
mas nem me passou a idea de bebê-las.

lembrei-me então que eu bebera joão cabral.
isso porém não alterava minha condição
de temporário residente desta nau.
e agora?

preciso um poema
que não diga nada demais.
apenas manche esta tarde de palavras
e imprima nela a falta que ela não faz
andrejcaetano