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terça-feira, 12 de agosto de 2014

casida da menininha

Dois loucos perambulavam pela Carochinha
Cada conto que encontravam
Agarravam e guardavam na sacolinha
Cada conto que encontravam
Menos um na Carochinha

Dois loucos saqueavam a Carochinha
A cada conto que encontravam:
‘Este é meu!
 Contos são dos que caminham!’
E tomavam o que não liam

Normal foi ficando a Carochinha
Vias, carros, cobras, gentes
Os loucos, os transeuntes
E eis que deram com uma menininha
Triste pelo que lá mais não tinha

Um louco olhou o outro:
‘Será um conto essa coisinha?’
Ele mesmo se anuviou:
‘Não, isso é uma menininha
E não cabe na sacolinha’

O louco outro sugeriu:
‘Caberá se bem amassadinha’
E ele mesmo desponderou:
‘Mas ficará toda amarrotada,
Não resolverá uma passadinha’

Afligida, a menininha ralhou:
‘Devolvam os contos da Carochinha!’
‘O que você nos dá em troca?’
 Perguntaram em uníssono
‘Tomem minhas lagriminhas’

‘Elas são líquidas ou de cristal?’
 Desconfiaram em uníssono
‘Nem líquidas nem sólidas,
São apenas minhas’
‘Então nada feito, menininha’

Loucos saqueiam a Carochinha
Encostadinha em uma folha
Está uma menininha
A repetir bem baixinho
‘São pérolas as minhas lagriminhas’
andrejcaetano
Herbert Lizt

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