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quinta-feira, 7 de novembro de 2013
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
terça-feira, 8 de outubro de 2013
semi-óticas [em 1/2 ato]
O transcendental se dissolvendo no
Efêmero
[Papo Furado (Cacaso)]
Efêmero
[Papo Furado (Cacaso)]
Cenário: um cobertor marron um cobertor amarelado
três gatos míopes
imóveis
uma xícara de gás
tranquilizante
um robô frio
estragado
dois pratos com o resto
do macarrão
uma garrafa de uísque
escorregadio
um largo colchão no
chão
Ela (olhando para o mar): Foi por ali
meu bem
que fui parar em
Paris
sonhar com voltar
Convalesci em Iriri
Nasci em Minas Gerais
Ele (olhando para o sertão): Ai aurora
nascida de ventres pardos
esclerosada aos doze
anos de idade
políticas
relações sociais
tão distantes de ti
ou de nós
metafísicos da
desimportância
Ela: em teu cobertor mumifico
Ele: em teu cobertor dilacero
sábado, 5 de outubro de 2013
religiya i revolyutsiya
[...], a forma que revestirá o processo de edificação cultural e de auto-conhecimento do
homem comunista desenvolverá ao mais alto grau os elementos da arte contemporânea
[Leon Trotsky (Literatura e Revolução)]
Não matarás não cobiçarás a mulher do próximo
Práxis incontestes
Deus pôs leis em uma tábua
Inerte
Pois – deu a tábua a Moisés
Tu investes
Amarás ao
próximo como a ti mesmo
O grande teste
E o espírito santo penetrou os
corpos apostólicos
Pentecostes
.
.
.
O homem é o supremo
senhor de sua agência
Sem
concorrentes
A liberdade é seu desígnio último
Em utopia não se
põe corrente
E o espírito do povo esteve em
seus delegados
[Brevemente]
Atado aos propósitos revolucionários
Sovietes
Pois – Lênin morto
Trotsky eterno crente –
Os desígnios se fizeram suprarreligiosos
Bíblicas pestes e margareth tatchers
segunda-feira, 6 de maio de 2013
o fabuloso canyon do peixe tolo
nadam ao seu redor
citações plenas e palavras cibernéticas e palavras transsiberianas e também cristalina
confusão e meio da noite e luas minguantes e faces sisudas tratando-o como de
casa porém sem o ser que há nele idiota ondulando sua caudinha ziguezagueante
ziguezagueando pelas locas do córrego tal fosse aquilo o mar único que já houve
e haverá honra e glória imensas de se navegar submergido neste mundo fenomenal
não obstante infiminhas as cenozóicas escamas rabiscando a esmo a água em prata
sem pedra alguma para educar empoladas penas e as coisas reais e venturosas a
passar por ele liquidamente intangíveis a ridícula semana de tarefas abstrusas
e comezinhas a lambuzar suas nadadeiras de matéria desconhecida e gosmenta e se
sol ou se chuva ninguém sabe que ninguém olha ninguém olha o dia lá fora o
passado não mais que um ontem (ou no máximo ant’ontem) e o futuro não está
adiante eterno porvir água ao seu encontro futuro-aqui e o agora não é estar
não é estaca não é pilar não é jaca só um olhar que ondula tonto como o rabo e
pouco vê além de reflexos quiméricos nesse córrego-mar maravilhoso e enganador
e portanto as citações esplenomegálicas em palavras longas nenhuma similitude
com a tarefa seminal ou o prazer gratuito ou a alegria genuína de quem não nada
habitante desse trecho curto desse ribeiro tímido território alimentativo de
peixinho-inho sob o respirar majestoso do universo que se concebeu muito tempo
antes dos primeiros laivos amebóides de consciência para a qual repentina e
microssegundezimamente a realidade em eterna e pétrea aparição impera vera e
única sem arestas seixo no leito do córrego no fundo do fabuloso canyon do
peixe tolo
sexta-feira, 15 de março de 2013
mr. cogito's soul [zbigniew herbert]
In the past
we know from history
she would go out from the body
when the heart stopped
with the last breath
she went quietly away
to the blue meadows of heaven
Mr.
Cogito’s soul
acts
differently
during
his life she leaves his body
without
a word of farewell
for
months for years she lives
on
different continents
beyond
the frontiers
of
Mr. Cogito
it
is hard to locate her address
she
sends no news of herself
avoids
contacts
doesn’t
write letters
no
one knows when she will return
perhaps
she has left forever
Mr. Cogito struggles to overcome
the base feeling of jealousy
He thinks well of his soul
thinks of her with tenderness
undoubtedly she must live also
in the bodies of others
certainly there are too few souls
for all humanity
Mr. Cogito accepts his fate
he has no other way out
he even attempts to say
– my own soul mine
he thinks of his soul affectionately
he thinks of his soul with tenderness
therefore
when she appears
unexpectedly
he
doesn’t welcome her with the words
–
it’s good you’ve come back
he
only looks at her from an angle
as
she sits before the mirror
combing
her hair
tangled
and gray
terça-feira, 5 de março de 2013
carolina
carinha de lua de
cartolina
sorriso de cetro na
mão
olhos cristais de jaboticaba
olhares jaboticabais
doce doce doce
de saudade
e
a eternidade
Deus é quem sabe mais
sua cara linda hino
ka luinha de
rosinha cartolina
em paz e fogo de
ser quem é
criança marota fada
pomar
mar de água
pristina
o que as outras não
podem mais
o tempo passa
o vento nos
canaviais
pra Calu, toda a luz que houver nos universos - DeP
andrejcaetano, 5/3/2013
sexta-feira, 1 de março de 2013
erro crasso
eu se tive vidas passadas
numa fui urso noutra sucuri
tocas sem discurso
nunca falei nem nada escrevi
mas nesta deito poemas às carradas
erro
do tamanho d'um cetáceo não usar a pena gizsegunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
confiança [agostinho neto]
O oceano separou-se de mim
enquanto me fui esquecendo nos séculos
e eis-me presente
reunindo em mim o espaço
condensando o tempo.
Na minha história
existe o paradoxo do homem disperso
Enquanto o sorriso brilhava
no canto de dor
e as mãos construíam mundos maravilhosos
John foi linchado
o irmão chicoteado nas costas nuas
a mulher amordaçada
e o filho continuou ignorante
E do drama intenso
duma vida imensa e útil
resultou a certeza
As minhas mãos colocaram pedras
nos alicerces do mundo
mereço o meu pedaço de chão.
Agostinho Neto |
domingo, 13 de janeiro de 2013
the plural [kiki dimoula]
Love:
noun,
substantive,
extremely
substantive,
singular in
number;
gender not
feminine, not masculine,
gender
defenseless.
Plural the
number
of defenseless
loves.
Fear:
substantive,
singular to
start with
plural
afterward:
fears.
Fears of
everything from
now on.
Memory:
Noun, proper
name for sorrows,
singular in
number,
singular
only,
and
indeclinable.
Memory,
memory, memory.
Night:
substantive,
gender
feminine,
number
singular.
Plural in
number
the nights.
The nights
from now on.
From the ‘The Brazen Plagiarist’, by
Kiki Dimoula; translated by Cecile Inglessis Margellos and Rika Lessser